Fórum: Insights e Avanços para o Setor Energético Brasileiro
Uma Análise Detalhada por Carlos E. Souza
Por Carlos E. Souza,
O 12º Fórum do Biogás, evento de destaque no calendário energético brasileiro, trouxe à tona discussões cruciais sobre o papel do biogás e biometano na transição energética do país. As ricas contribuições do especialista Carlos E. Souza, compartilhadas em uma série de posts no LinkedIn, oferecem uma perspectiva aprofundada sobre os principais painéis e os avanços que moldarão o futuro do setor. Este artigo, elaborado a partir das anotações diretas do Sr. Carlos, visa consolidar os pontos mais relevantes apresentados no fórum, destacando o potencial e os desafios para a consolidação do biometano como um ativo estratégico.
O Cenário Atual e o Potencial Inexplorado do Biometano no Brasil
Carlos E. Souza iniciou suas observações destacando que, apesar dos avanços, o Brasil ainda subaproveita a vasta diversidade de resíduos e regiões com potencial para a produção de biometano, indo além da cana-de-açúcar e do saneamento. Ele ressaltou que áreas como o sudoeste de São Paulo, ricas em fontes orgânicas e com acesso a infraestrutura como o Gasbol, permanecem invisíveis no mapa do biometano. A expectativa é que o setor agrícola, para além da cana, e as destilarias de álcool (DAs) ganhem um novo impulso, diversificando as fontes e expandindo a produção [12º Fórum do Biogás].
São Paulo como Modelo de Descarbonização da Mobilidade Urbana
Um dos pontos de maior destaque, Carlos E. Souza cita a iniciativa da Prefeitura de São Paulo na descarbonização da frota de ônibus. Inicialmente focada na eletrificação, a gestão do prefeito Ricardo Nunes demonstrou uma virada estratégica ao reconhecer o papel fundamental do biometano. A cidade realizou um seminário técnico, estuda a conversão de até 500 ônibus para GNV/biometano, lançou edital público para contratação da cadeia de fornecimento e já está substituindo veículos a diesel por biometano. Este movimento, segundo Carlos, serve de motivação para outras cidades brasileiras, evidenciando o biometano como uma solução concreta, escalável e disponível para a mobilidade urbana [Abertura Oficial].
Estados pelo Clima: Estratégias de Descarbonização com Biogás e Biometano
O painel “ESTADOS PELO CLIMA: O USO DO BIOGÁS E BIOMETANO COMO ESTRATÉGIA NA AGENDA DE DESCARBONIZAÇÃO” reuniu representantes de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Goiás, demonstrando o esforço conjunto de diferentes estados para acelerar a transição energética. O debate ressaltou os seguintes destaques:
•Mato Grosso do Sul (Jaime Verruck - SEMADESC-MS): Lidera a produção de biometano com capacidade de até 7 milhões m³/dia, impulsionado por programas como MS Renovável e Leitão Vida, e um crescimento de 41% no número de usinas em 2023. Jaime Verruck exemplificou a liberação de créditos estaduais tributários antecipados para estimular investimentos no setor e lançou um desafio para São Paulo e Mato Grosso do Sul articularem a escalada da produção de biometano para suprir uma unidade de fertilizantes no MS.
- São Paulo (Natália Resende Andrade Ávila - SEMIL-SP): Firmou acordo com a WBA e lançou o aplicativo Conecta Biometano SP, com metas ambiciosas de gerar 20 mil empregos e reduzir 24,5 milhões tCO₂ até 2050, com base em um estudo robusto do setor.
- ABiogás (Renata Beckert Isfer): Enfatizou a importância do setor agropecuário, a colaboração entre os setores público e privado e incentivou o uso da plataforma digital para fortalecer o setor.
O consenso do painel foi que o biometano, com políticas claras, ferramentas colaborativas e inovação aplicada, deixa de ser uma promessa e se consolida como uma solução real para a transição energética [Estados pelo Clima].
Tendências Globais e o Protagonismo do Biometano
No painel “Tendências globais para o mercado de biogás e biometano”, a percepção internacional foi clara: enquanto o hidrogênio parece arrefecer, o biogás/biometano ganha tração como solução imediata, escalável e competitiva. As contribuições dos participantes:
- Bernie Sheff (American Biogas Council): Apresentou os avanços dos EUA em marcos regulatórios e expansão de mercado. Ele também trouxe um dado curioso sobre o desconhecimento da população em geral sobre o biogás/biometano, ressaltando que a percepção negativa inicial se transforma em positiva após o esclarecimento.
- Brad Douville (Greenlane Renewables Inc.): Compartilhou a experiência da empresa no fornecimento de tecnologia de upgrading e no crescimento global da cadeia.
- Greg Molnár (International Energy Agency - IEA): Reforçou, com dados e projeções, o papel do biometano na segurança energética.
- Rosana Santos: Defendeu enfaticamente o conceito de “hubs” de biometano, integrando aplicações em transporte, energia e fertilizantes, como o futuro do setor para gerar escala e sinergia entre diferentes cadeias. Este raciocínio, segundo Carlos, dialoga com a proposta da ZCEx - Zero Carbon Exchange de apoiar a integração através da certificação digital do atributo ambiental do biometano.
- Vinicius Romano (NextEra Energy, Inc.): Ressaltou o potencial do mercado de gás na América Latina.
O consenso é que o biometano está se consolidando como protagonista da nova matriz energética, e a lição para o Brasil é clara: a escalada do biometano passa, necessariamente, por informação e esclarecimento, especialmente para o agronegócio [Tendências Globais].
CEOs: Estratégias e Investimentos na Construção do Mercado
O painel “CEOs: Estratégias e investimentos, como as empresas estão construindo o mercado” reuniu líderes que compartilharam como estão direcionando recursos e inovação para escalar o biogás e o biometano no Brasil. O painel destacou a visão de empresas como Green Biogas (Alexandre Röpke), Compass (Daniel de Valle), Schultz Compressores (Denis Soncini), Grupo Urca Energia (Maurício Carvalho) e Eren Biogás Brasil (Pierre-Emmanuel Moosseray). O consenso foi que o mercado já não é apenas potencial, mas uma realidade moldada por investimentos concretos [CEOs: estratégias e investimentos].
O Papel do Biometano na Construção de um Mercado Livre de Gás
No painel sobre o papel do biometano na construção de um mercado livre de gás, líderes de diversos setores debateram como o biometano pode ser protagonista na evolução do mercado de gás no Brasil. No painel, ressaltou os seguintes pontos:
- O biometano como vetor estratégico para diversificação e segurança energética.
- A importância de políticas públicas e regulamentação coordenadas, evitando atropelos entre regras federais e estaduais.
- A necessidade de o mercado definir seu próprio ritmo, pois uma simples determinação via regulamentação tende a fracassar.
- A contribuição do setor privado e de grandes consumidores na viabilização de projetos.
O painel reforçou que o biometano é um ativo ambiental e economicamente estratégico, abrindo oportunidades para regiões ainda pouco exploradas. Carlos lembrou que a ZCEx - Zero Carbon Exchange, com sua tecnologia de criptografia e Blockchain, pode fornecer a segurança necessária para a comercialização do atributo ambiental do biometano, garantindo transparência e rastreabilidade [Biometano no Mercado Livre de Gás].
COP30 e o Papel do Biogás na Agenda Climática Brasileira
O painel “COP30 e o papel do biogás na agenda climática brasileira” destacou a inserção do biogás e biometano na estratégia climática nacional e nas metas de descarbonização. Os destaques do painel foram:
- A integração do biogás na agenda climática brasileira e seu potencial para redução de emissões.
- O papel do setor privado na viabilização de projetos e investimentos em energia renovável.
- A importância de alinhar políticas estaduais e federais para garantir coerência regulatória e eficácia nos resultados climáticos.
- Como instrumentos de mercado, como certificados de atributos ambientais, podem acelerar a transição energética.
Este painel reforçou que o biogás e o biometano são soluções ambientais e ativos estratégicos que conectam indústria, governo e mercado, criando oportunidades econômicas e climáticas simultaneamente [COP30 e o Papel do Biogás].
Avanços na Mobilidade: O que Falta para Decolar?
No painel “Avanços na mobilidade: o que falta para decolar?”, especialistas discutiram desafios e oportunidades para o Biometano na Mobilidade Urbana e logística. As apresentações destacaram pontos como:
- Programa Bio SP: Decreto municipal que impulsiona o uso de biometano em ônibus e caminhões de coleta, com metas claras e cronograma definido.
- Potencial produtivo elevado: São Paulo pode gerar até 6,4 milhões m³/dia, com capacidade para atender a demanda pública e industrial.
- Impacto ambiental significativo: Até 95% de redução de emissões na mobilidade pesada, com efeitos diretos na qualidade do ar e saúde.
- Demanda puxando investimento: A preocupação sobre a disponibilidade de biometano é real, mas a demanda garantida pode atrair mais projetos e aumentar a produção.
Conforme as apresentações, conclui-se que a clara sinalização de demanda por parte da Prefeitura de São Paulo é um passo fundamental, incentivando investidores a ampliar a oferta e impulsionando a bioeconomia e a sustentabilidade do transporte urbano [Avanços na mobilidade].
Obrigação e Oportunidade: O Mandato de Biometano
O painel “Obrigação e oportunidade, como os agentes estão se preparando para cumprir o mandato de biometano” reuniu representantes de grandes players de energia, regulação e biocombustíveis. O painel destacou que o mandato de biometano representa tanto uma obrigação regulatória quanto uma grande oportunidade de negócios. Empresas como Petrobras, Shell e bp estão adaptando suas estratégias para incluir o biometano em seus portfólios, e a ANP reforçou a importância da segurança regulatória. A demanda gerada pelo mandato pode ser o gatilho de mercado para novos investimentos. A questão-chave levantada foi como entregar essa molécula ao consumidor/produtor, envolvendo infraestrutura física e instrumentos de mercado. Carlos E. Souza ressaltou que soluções como o ZCEx, baseadas em criptografia e Blockchain, podem contribuir para a rastreabilidade e confiança na comercialização do atributo ambiental do biometano [Obrigação e Oportunidade].
Certificado de Garantia de Origem de Biometano – Mitos e Verdades
No painel sobre o Certificado de Garantia de Origem de Biometano (CGOBs), especialistas discutiram os desafios e oportunidades desses certificados, essenciais para consolidar o valor ambiental do produto. O painel destacou que o CGOB é uma ferramenta-chave para dar credibilidade ao biometano [Obrigação e Oportunidade].
Considerações Finais
O Sr. Carlos E. Souza compartilhou conosco alguns destaques sobre o 12º Fórum do Biogás que revelam um setor em plena efervescência, com o biometano emergindo como uma solução robusta e multifacetada para os desafios energéticos e ambientais do Brasil. As discussões nos painéis reforçaram a necessidade de políticas públicas coordenadas, investimentos contínuos, inovação tecnológica e, acima de tudo, a conscientização da população sobre os benefícios desse biocombustível. A colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil será fundamental para que o Brasil capitalize seu vasto potencial e consolide o biometano como um pilar da sua matriz energética sustentável.
Agradecimentos
A equipe de redação do Portal Energia e Biogás agradece ao Sr. Carlos E. Souza pelas contribuições sobre suas percepções a respeito do Fórum do Biogás.
Sobre o autor
Carlos E. Souza - Tem ampla experiência no Gerenciamento de Projetos; Palestrante; atuação no setor de Energias Renováveis; Entusiasta BIM & Modelos Digitais; Espec. Planej. e Custos. Diretor de Operações na G4 - Energia & Meio Ambiente. LinkedIn
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Autor: Carlos E. Souza. Publicado em: 03 de setembro de 2025.
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