Biogás integrado, sonho ou sustentabilidade real
Cícero Bley Jr | A alguns dias da abertura do 5° Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano em Foz do Iguaçu, tem gente (e com bom tempo de estrada no “biogás BR”), que pergunta com certo ar de desprezo e desconsideração:
“o que vocês querem com esta história de integrar biogás e suas energias derivadas?”
Eu fico aqui com meus botões: será tão difícil perceber que os mercados nascem e se desenvolvem com organização e estratégias definidas?
No caso do Biogás “no sul do Brasil” que dá nome ao 5º Fórum (a 5 anos tentando firmar uma territorialidade) convocado para mostrar a viabilidade das energias do biogás e sua utilidade na substituição do diesel, do GLP, da lenha, além da sua já consagrada aplicação em geração elétrica.
Neste território sul do Brasil, o maior negócio em operação é o da produção de proteína animal. Planta-se soja e milho e colhe-se leite, ovos e carnes.
Este é o segundo maior negócio brasileiro e projeta o país no mundo como fornecedor de alimentos. O potencial de Biogás neste segmento equivale a 38% do potencial brasileiro (ABIOGÁS/2015).
Está produção e estruturada em basicamente duas áreas de atividades. Na ponta estão as indústrias de transformação e na base os produtores rurais especializados. Desta conjugação, na ponta a indústria que compra e na base produtores que vendem a matéria-prima, brotou este extraordinário negócio.
Pois bem, com o tempo, as indústrias começaram a integrar outros produtos de origem “Agro”, como lenha e cavaco. E fazem isto estabelecendo um acordo de preços baseado na qualidade dos materiais produzidos. Usam especificamente, Umidade e Poder Calorífico. Ambos determinados em laboratórios, tal e qual é determinada a qualidade do leite e das carnes produzidas e tal e qual podem ser atendidos parâmetros de qualidade do biogás.
As energias do biogás elétrica, térmica e combustível veicular, já se comprovaram úteis para as cadeias de proteína animal. Além da energia elétrica, base da automação que ganha espaço, a possibilidade de coletar leite num produtor distante e levar o produto ao laticínio, é uma operação realizada a diesel. Enquanto foi possível o custo deste combustível foi repassado no preço ao consumidor. Hoje, com o descontrole dos derivados de petróleo no mundo, há caixas de leite sobrando nos supermercados, resultado do aumento de preços.
Diesel é o pior dos combustíveis. Importado, ou indexado ao dólar. Poluente, o mais entre os combustíveis fósseis. E com uma logística de distribuição em caminhões a diesel que não apresenta nenhum indicador de sustentabilidade.
Isto que ocorre com leite também ocorre com as carnes. Ou Alguém se permite achar que a distribuição de rações, com produções centralizadas e trechos curtos e recorrentes de transportes, não é um indicador eloquente de insustentabilidade.
Para não ir mais longe: estamos propondo a integração das energias do biogás porque é evidente que elas se constituem em produtos possíveis de proporcionar impactos econômicos e ambientais às cadeias de produção da proteína animal.
Reduzindo custos
- Oferecendo previsibilidade de preços;
- Disponibilizando combustível aonde ele será usado;
- Sendo alternativa estratégica para as energias que estão no fim como lenha e diesel.
Isto por uma única razão: compradores (indústrias) vendedores (produtores) brasileiros já deram demonstrações suficientes de que são capazes de se complementarem, integrando suas produções.
Ah!…e se as atuais indústrias não quiserem integrar o biogás, porque ainda acreditam que não é o negócio delas (poucas)?
Amigos, o espaço está aberto. E começam a chegar novos atores no cenário. Interessados em integrar. Desde os dejetos animais até as energias que podem produzir com biogás.
“Jacaré que dorme, a onda leva! Não é assim?”
Saiba mais
- Cícero Bley | Por que não “Integrar” o biogás?
- Cícero Bley | Para Resignificar o Biogás
- Grupo Nacional Biogás da Proteína Animal promoverá reunião no 5º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano
- 1º Encontro dos Membros do Grupo Nacional Biogás da Proteína Animal
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Sobre o autor
Cícero Bley Jr - Diretor da Bley Energias, Conselheiro Fiscal da Abiogás e Participante do Grupo Agroenergia & biogás/Proteína Animal.
CEO da Bley Energias - Estratégias e Soluções. Apoiador Técnico/Technical Advisor do Conselho Temático de Energia da Federação das Indústrias do Paraná. Tem graduação em Agronomia - UFPR (1971); Mestrado em Eng Civil. Gestão Territorial Urbana e Rural - UFSC (2006); Especialidade: Estratégias em Energias Renováveis e Sustentabilidade; atuou como Superintendente de Energias Renováveis - Itaipu Binacional, de 2004 a 2016; Fundador do CIBiogás - Centro Internacional do Biogás no Parque Tecnológico de Itaipu; Fundador do Centro Internacional de Hidroinformática. Itaipu/Unesco; Fundador e Presidente Emérito da ABiogás - Associação Brasileira do Biogás e do Biometano.
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Autor: Cícero Bley Jr. Publicado em: 12 de abril de 2023.
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