Formação profissional para o setor de biogás e biometano
A educação como alavanca para uma economia regenerativa
Por Heleno Quevedo de Lima,
A famosa frase de Lavoisier, “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, saiu dos laboratórios de química e se tornou a base de um novo jeito de pensar a economia e a educação. Em 2025, diante das mudanças climáticas e da escassez de recursos, essa ideia deixa de ser apenas científica e vira um chamado para ação: precisamos aprender a transformar resíduos em recursos e problemas em oportunidades.
A economia circular é o caminho. Ela substitui o conceito de “fim de vida” por ciclos de reuso, recuperação e transformação. Mas o grande desafio não é tecnológico, e sim o comportamento humano: como formar profissionais capazes de colocar essa ideia em prática, transformando lixo em biogás, resíduos em produtos úteis e oportunidades em negócios sustentáveis? A resposta está na educação.
Segundo Edgar Morin, para preparar o profissional do futuro, é preciso ensinar mais do que conteúdos isolados. Ele sugere os Sete Saberes Necessários, entre eles: compreender o mundo, lidar com incertezas e entender que cada ação tem consequências ambientais, sociais e econômicas. Ou seja, o profissional da economia circular não é apenas especialista em uma área: ele conecta biologia, química, engenharia, gestão e ciências sociais para resolver problemas de forma completa.
A teoria de Donald Super ajuda a mostrar como isso pode acontecer. Um adolescente precisa conhecer e experimentar diferentes possibilidades antes de escolher sua carreira. Visitas a centrais de valorização de resíduos, mentoria com engenheiros e atividades práticas de reciclagem, biodigestão ou compostagem ajudam os jovens a descobrir suas paixões e a se enxergar como agentes de transformação.
O papel do professor, como defendia Vygotsky, é essencial nesse processo. Ele atua como mediador, guiando os alunos em desafios reais. Por exemplo: “Como podemos aplicar a Lei de Lavoisier para lidar com os resíduos da escola?” A partir daí, os estudantes podem investigar digestão anaeróbia, calcular o potencial energético do biogás e até propor um modelo de negócio sustentável. Assim, ciência, tecnologia e empreendedorismo se encontram na prática, formando competências que serão úteis para a vida e para o trabalho do século XXI.
Pierre Bourdieu lembra que a educação deve ser inclusiva. A transição para uma economia regenerativa não pode ser privilégio de poucos. Cursos técnicos em Gestão de Resíduos, Energias Renováveis e Processos de Biotransformação devem estar disponíveis para todos, formando profissionais capazes de operar centrais de reciclagem, plantas de biogás e linhas de produção de bioprodutos. São esses profissionais que colocam a Lei de Lavoisier em ação no dia a dia da indústria e das cidades.
Para os próximos anos, a formação profissional deve se apoiar em três pilares:
- Visão Sistêmica (Morin): compreender as conexões entre produção, consumo, descarte e regeneração.
- Competência Técnica Aplicada (Perrenoud/Vygotsky): saber fazer, inovar e empreender a partir de problemas reais.
- Projeto de Vida com Propósito (Super/Bohoslavsky): alinhar a carreira individual com a construção de um futuro sustentável.
Assim, a educação deixa de ser apenas transmissão de conhecimento e se torna um motor da nova economia. Ela forma químicos verdes, engenheiros de biocombustíveis, técnicos em gestão de resíduos, empreendedores em economia circular e cidadãos conscientes, pessoas capazes de transformar a Lei de Lavoisier em prática e construir um mundo mais equilibrado e próspero.
Referências Consultadas
- BOHOSLAVSKY, Rodolfo. Orientação vocacional: a estratégia clínica 13. ed. São Paulo, 2015.
- BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007.v
- MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.
- PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
- SUPER, Donald E. A life-span, life-space approach to career development. Journal of vocational behavior, v. 16, n. 3, p. 282-298, 1980.
- VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.  
 
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